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A quem ouvir hoje? Com quem falar hoje?

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Com base em minha vida, de pouco alcance mas, MINHA VIDA, foi fácil descobrir que duas coisas são fundamentais para o sucesso de qualquer tipo de relacionamento: saber ouvir e saber falar. O contrário disso, posso dizer, me exigiu e exige níveis de tolerância inexecutáveis.
Brasileiro, solteiro, funcionário público, classe média baixa (talvez bem abaixo disso), desiludido com os governos, comigo mesmo em relação a eles, pois nada faço de significativo para mudar, porque também é fácil se desiludir com uma sociedade superficialista, de pessoas que se dão e se vendem (em muitos casos, por amor à própria sobrevivência), com o Direito e seus executores ou mentores sempre, nunca com o ideal de justiça; com os intelectuais que falam, falam, se esfoooooorçam para serem compreendidos, mas coitados querem o quê? Ouvidos? Ou eu quero que eles saíam às ruas: eu os seguiria, suportaria pedras, escarros, urinadas e as armas institucionais a favor das classes dominantes? De quais intelectuais falo? Nem eu sei. Talvez, na minha ignorância, apenas espere que usem seu conhecimento privilegiado comprometidos com algum ideal de melhorar a sociedade, ajudar os oprimidos, os perdidos, os jovens desorientados e sem esperança, sem ter o engrandecimento egolátrico do próprio nome como prioridade. Ainda que fosse isto, mas com fatos, atitudes que o fizessem merecer ter seu nome citado e lembrado na história.
Reafirmo pra mim mesmo, na minha ignorância, que existem pessoas que de um modo ou de outro falam e ouvem, alguns falam muito bem, outros são péssimos para falar e alguns são ótimos para ouvir bem ou, pior, ouvem muito mal. É preocupante saber que o ouvir e o falar podem ser comumente reféns de de enganos, manipulações e más intenções, que podem estar a favor de egoísmos, bairrismos e grupos sem qualquer tipo de compromisso com o bem-estar das pessoas, enquanto isso não fizer parte do negócio, da negociação, das negociatas.
Um ser humano é um número, uma estatística, é o que tem ou não tem no bolso, na bolsa, na roupa, na cabeça. Falar que no Brasil atualmente existem cerca de quinze milhões de famintos é tão rápido. Qual a história de cada um? Quem registrou suas histórias? Comumente na mídia eles são números. Agora, perguntem quem é Xuxa? Bispo Edir Macedo? Lula (que de Lelé num tem nada), Roberto Marinho? Zorro? Pica-Pau? Os nomes dos que fazem parte dessa esfera dos que detêm dinheiro e poder vêm facilmente à cabeça? Aqui, principalmente aqui, entre os quinze milhões de famintos, fixemos o olhar e o falar; fora os que só têm alimento digno até uma certa parte do mês, porque o salário não cobre do mesmo nível o mês inteiro; fora os que têm hoje e não sabem por quanto tempo poderão ter; é aqui: quantos são vistos na TV ou na rádio, nas revistas politizadas, como Veja (fica só no verbo ver mesmo, mas falar e ouvir!), nos jornais da sua região? São os bandidinhos, né? Os trombadinhas né? Que Datena, Correio da Paraíba, TV G-lOBO, expõem como os corruptores da ordem e da decência. Pessoas que não sabem falar, não tão nem aí pros estudos, têm cara típica de marginal.
Quando se fala em marginal qual é a imagem que vem à sua cabeça? Não parece que nessa imagem tem sempre um microfone na frente de uma pessoa sem qualquer vínculo com alguma história pessoal? Com um repórter que parece mais falar por você do que procurando saber o que o indivíduo tem a falar. O que importam são os fatos, só os fatos! E a audiência! Isto é, sempre é apresentada uma pessoa sem passado, sem presente, completamente sem futuro! Geralmente, negro? de classe pobre? geralmente agindo mais por maldade do que tendo um histórico na sua vida que o levou a agir e pensar daquele modo? Pode ser que seja só maldade. Que julguem os que acham que podem julgar com equidade e convicção absolutamente justa!
Você acha que uma prostituta não tem nada pra lhe ensinar, que sua vida é apenas vender seu corpo para o prazer de alguém? Talvez nem ela mesma se lembre de quando ainda tinha voz, de quando ainda falava e tentava ouvir um mundo que nunca a compreendeu e que reciprocamente nem ela mesmo entendeu.
Acha que quinze milhões de famintos não têm quinze milhões de histórias? E que em cada uma destas histórias não havia uma voz sufocada? Não houve um sonho interrompido antes do tempo e impossibilitado talvez pro resto da vida?
Mas, deve saber que dificilmente nenhuma destas histórias vai parar em Hollywood? E ganhar Oscar de melhor interpretação? Porque quem vai entender direitinho a fome e a sede a a extrema miséria se não vê-la de pertinho, se não vivê-la um pouco? Nenhuma delas vai ser publicada pela revista Seleções? Nenhuma delas ainda foi pra Hebe se sentar em seu sofá?! Nenhuma delas vai entrar no Big Brother?! Pra fazer lembrar o quê? A Cidade de Deus será sempre uma das poucas exceções do faminto falar, do criminoso falar, do Brasil vendo o Brasil? inferno da miséria que tenta sufocar e engolir se possível até os escolhidos pela sorte de ter nascido em um berço rico?
Como paraibano digo, é um saco ter TV por assinatura, porque definitivamente não me vejo. Não me vejo no humor, não me vejo nas casas, não me vejo naquele monte de TV americana, sem sotaque, de cabelos "quimioterapizados", gente que como cirurgiados e pintados no Photoshop dos textos e padrões de comercialização sequer existem. Não me vejo como brasileiro, não me vejo no piscar de olhos das pessoas no vídeo, suas histórias pouco trazem dos sofrimentos da vida real, que necessita ser seriamente debatida. Porém, tudo é negócio, negociação e negociata.
Não sei mais o que é ser brasileiro para defender o que seja brasileiro. Estou sem fome, sem dor, seguro, empregado, com problemas comuns, acho que seria melhor achar que nada posso fazer e escapar, deixando tudo como está. Adotar o comportamento dos governos daquele filme "Resident Evil", quando um exército de mortos-vivos padeciam com um vírus que os deixavam como um misto de morte e vida, porém sem vida, sem vontade própria, sem sentido. Apesar de acharem o filme trash, não o acho menos trash que a vida real. De modo algum, eu o acho a própria representação da nossa sociedade. Contudo, a existência de um herói reflete antes um sonho do que algo realmente provável. É possível?
Nesta questão de identidade nacional, tem uma paródia no Youtube feita pelo Pânico na TV que reflete bem o que pode representar o Brasil, não enquanto país, mas enquanto o modo prático como tanta coisa parece acontecer e funcionar: "Agora preste muita atenção porque essa é a sacanagem da pesada". A SACANAGEM DA PESADA, do momento! O Brasil vai de sanacagem em sacanagem, um fenômeno social que precisa ser bem estudado pelos sociólogos, psicólogos, ainda que o chamem de outra coisa, ou o enquadrem noutra esfera de conhecimento. Do jeitinho à sacanagem parece haver uma escada/escala, que vai do pequeno gato de energia elétrica, TV, serviços de internet que se toma por "pequena desobediência a alguma lei," passando por fumar uma maconhazinha no banheiro da escola, trair uma vezinha só por ano o cônjuge, contanto que ele não tome conhecimento; se prostituir se dando como brinde a um casamento puramente comercial; fofocar um pouquinho pra passar alguém pra trás; declarar como verdadeiro algo que não é; e vai crescendo: ter o selo do Palácio do Planalto, do Senado Federal em um site conquanto este o pague um pouquinho; Estupros em família, de irmão pra irmão, de representantes de deus com d minúsculo na terra; bancos donos do seu bolso; empresas donas de suas idéias, de seus destinos; mensalão; anualzão; a lista só não é infinita, ainda! A paródia tem razão: cada um com seu mundo redondo! Bem moldado à sua esfera planetária, na qual orbitam.
Sinceramente, não vejo nenhum homem cabra-macho mesmo que seja digno de hastear a bandeira nacional atualmente, por outro lado, vejo em todas as crianças o merecimento de começar a amar esse ato de hasteamento e reverência. Porque se eu mesmo fosse digno eu diria sou digno, pois fiz o que de melhor pude por ela. Mas, eu não fiz! E o que eu posso fazer. Votar. Em quem? Qual deles verdadeiramente representa meus ideais, não digo nem os meus, mas aqueles de que o povo precisa? Basta olhar suas vidas políticas: Diz-me com quem tu andas, que eu te digo quem tu és. Na Política, contudo, não se anda sozinho. Faça o Partido Solitário. Partido Sem Acordo! Partido sem negócio, sem negociação, sem negociata!
Eu ainda fico pensando no orgulho que eu poderia ter carregando a bandeira nacional? Eu não vejo ninguém com a bandeira nacional, chorando por ela! Não me lembro de nenhuma mancha de sangue de ninguém sobre ela! Não espero ver a minha. Que Deus me proteja! Se existiram estão bem abafados na história, na mídia, ou de tão pouco falados, como poderia lembrá-los agora aqui? Talvez presas até. Lembram do que foi feito a Jesus, por ter pregado a verdade, por não ter se vendido, ou porque sua sinceridade e ideais fossem contra a mesma ordem estabelecida, sacralizada das coisas? Não são do tipo, por exemplo, de Paulo César Farias, o PC, e alguns que não pareciam lutar por causas sociais para transformar essa ordem historicamente construída.
Volta, Jackson, volta ao texto!!!!!!! Quando este falar mal e ouvir mal vieram dos meus conhecidos, daqueles que faziam algum curso, conversavam, trabalhavam comigo, mantinham algum tipo de contato, dificilmente nasceu uma amizade.
Falar e ouvir são dois pilares das situações quotidianas que envolvem o processo de comunicação. De um modo ou de outro, um deles deve estar acontecendo com alguém agora. Se acontece comigo, que me acho normal, comum, neste sentido, produzido em série, não vejo razão para crer que com outra pessoa seja diferente.
Em qualquer instante de nossas vidas, a gente ou fala ou ouve.
Uma coisa que estraga o sentimento de amor, de compaixão, de amizade é o falar mal e o ouvir mal. Não obstante, falar ainda podemos, ainda podemos ouvir. E procurar falar bem, procurar ouvir bem.
Então, como falar com essa classe política? Como falar pelos necessitados? Como falar por você mesmo neste momento em que se desacredita, com justas razões, de quase tudo? É fácil querer ficar rico e sair daqui, ir morar em alguma Disneylândia, bem distante do que desafia nossa compreensão e capacidade de exercer cidadania ou lutar pelos ideais que deveríamos nunca ter deixado alguém sequestrar.
Peço perdão pela minha explosão! Se cometi alguma injustiça. Mas meu nível de confiança na sociedade chegou a zero.
Por isso, pessoalmente, não consigo mudar esse meu itinerário, ainda que me perca no labirinto da vida. Se existe alguma palavra fiel e algum ouvido sempre pronto a ouvir e justo, não me vem outro à mente: só o de Deus. Tem um versículo que diz "Passarão os céus e a terra, mas as minhas palavras não passarão". Abaixo de todo esse caos está a palavra de Deus, a qual nem Deus pode mudar, porque Deus mesmo afirma "Não sou homem para que minta, nem filho do homem para que me arrependa".

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