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Beijo, mãe. Beijo, pai. Amo vocês.

sábado, 13 de setembro de 2008

"Beijo, mãe. Beijo, pai. Amo vocês."
Foi isso o que a jogadora Sassá da seleção feminina de vôlei falou rapidamente ao final de uma partida nos jogos olímpicos. Eu tava num daqueles momentos, em que procurava me desviar de tudo o que fosse complicado de entender. Parece que entender o mundo, as pessoas, o próprio eu vai ficando uma tarefa crescentemente complexa e impossível de ser expressa em afirmações resumidas.
Ela tava cansada e longe de casa. Mas, foi fácil mandar um beijo pras pessoas queridas e dizer que as amava. Uma mensagem linda e simples. Ainda que eles soubessem do seu amor, por que não reafirmar? Há pessoas que, em dados instantes, têm medo até de dizer, ou de tanto pensar, pensar, pensar, cada vez mais se desconhecem. Exercitam o cérebro, mas não o coração.
Refleti sobre mim mesmo. Houve tantos momentos em que me aproximei e não beijei, e não disse que amava os meus pais. Sempre achei que meus atos falariam melhor por mim. Meu pai se foi e, apesar de todos os seus defeitos, sempre disse que me amava. Mesmo com suas limitações, eu entendia sua forma de amar. Ele me cheirava, me beijava, passava a mão na minha cabeça. Mas quando tava muito nervoso, suas palavras amargavam demais.
Hoje, parece que o complicado não é enviar beijos para as pessoas queridas e sim dar de corpo e alma e ao vivo esse beijo. Por que há pessoas que deixam essas coisas ficarem tão difíceis e complicadas? Quando eu era pequeno beijava os meus tios sempre que os via. E eles sempre me beijavam a face. Hoje, olho pros meus sobrinhos e eles não fazem o mesmo, ainda que não tenham malícia nem vãos pensamentos, por isso eu os amo muito.
Se meus sobrinhos fizessem como eu fazia, seria estranho, eu entenderia e aceitaria, mesmo que nunca tenham feito. Os costumes têm muitos dos receios humanos, eu acho. Na mídia é constante a exibição de práticas perversas e de pedofilia, em níveis insuportáveis no próprio seio familiar. Aos pais, educadores e as vozes das instituições políticas e sociais resta advertir seus "filhos" sobre a importância de se proteger de tais práticas. Tudo isto ajuda a criar um ambiente, de certo modo, necessário de afastamento e isolamento.
Hoje, beijar é complicado, em muitos casos, arriscado. Falar de amor, complicadíssimo. Ter ou não ter amizades gera suspeitas. Ter ou não ter namorado(a) também. Há holofotes, vigilantes juízes de todas as espécies. Historicamente, sempre foi assim.
Nos últimos anos, minha mãe tem sofrido por conta do lúpus. Uma doença ainda de origem desconhecida, que gera muitas perturbações e dores físicas. E minha mamãe tá meio cansadinha com esse tipo de sofrimento. Eu tenho tentado aliviar a barra dos momentos. Tenho procurado lhe dar presentes, todos com flores e que tenham algum aspecto de alegria pra ela se sentir querida e desejada. Essa relação é um capítulo muito especial da minha vida, mas como quero falar da simplicidade, tenho procurado dizer e mostrar que a amo, acho que sem espetáculos, mas se o exagero for de coração, que venha o exagero.
Não sei até quando ela está comigo, só me incomoda admitir que vivi anos afastado, ainda que debaixo do mesmo teto. Certo, vivo minha vida, mas não cogitava nem encontrar um pouco de tempo pra um diálogo, pra ouvir de verdade, ouvir no sentido de conhecer mesmo sua pessoa, suas idéias, suas angústias, suas experiências.
Não sei bem o que quero dizer, mas digo que mandar um beijo e dizer que amamos alguém pode ficar cada vez mais complicado quando a gente não dá espaço nem aprende a amar.
Não precisa de aulas e estudos aprofundados. E mando um beijo pra você também. Quanto ao amor de Deus, lembre que Ele deu a própria vida por você, e isto, sim, foi tremendamente complicado. O que Deus sempre quis dizer é que Ele lhe ama e sempre se esforçou pra mostrar isso. Eu sei que Deus me ama ainda que não faça tudo o que eu queira. Acho que nunca vou entender seu modo de agir, de não-agir com perfeição, porque não tenho a estrutura e consciência adequada pra isto. Deixo este questionamento e explicação para os doutores.

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