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O inegociável

terça-feira, 20 de setembro de 2011

O que mais admiro: o inegociável.
Entendo o inegociável como tudo aquilo que para alguém não tem preço, não tem condições de ser perdido, vendido, silenciado, ou que tenha temores de ser uma expressão de verdade.
Admiro quem possui essa postura e é capaz de com seus atos afirmar:
"Podem ofertar o que quiserem, defendo meus valores até a morte!".
"Meu corpo não está para negócio! Minha alma não está para negócio! Minha fé não está para negócio! Meu testemunho da verdade não está para negócio!"
"Não vou mudar meu gosto para satisfazer ninguém por nada, por oferta alguma, por dinheiro ou ameaça alguma!"
"Esta é minha opinião e a verdade em que acredito e não vou vender essa minha convicção nem trocá-la nem aumentá-la nem diminuí-la por nada!"
"Acredito na justiça, ainda que não a pratiquem, ainda que eu sofra prejuízo e vou lutar por ela até o fim!"
"Não vou ceder ao poder da sedução e manchar meu dia, meu casamento, minha companheira(o), minhas convicções e propósitos de vidas!"
Neste mundo de mentes tão enfraquecidas, é tão banal, tão fácil se deixar vencer pelo negócio, pela negociação, com suas armas e mecanismos sedutores que ostentam promessas de prazer fútil e fácil.
Fora isto, há tanta opressão, tanta injustiça, que muitas vozes ficam caladas e alguns passam para o lado da mentira e da covardia sem a menor contestação, sem o menor arrependimento. Parece que a mentalidade em voga prefere admitir: "É preferível viver um pouco, ainda que tenha muita mentira, do que morrer por um valor que já muitos perderam".
Nessa sociedade corrupta e de valores materiais adoecidos há uma busca intensa pelos prazeres, tanto que as consciências já insensíveis quanto aos próprios valores negociam tudo: a vida, a família, os amigos, os cargos, a crença, a fidelidade, o corpo, a fé, com tudo se faz negócio.
Alguns, mesmo os mais descrentes, até esperam mesmo que o diabo exista e tenha toda riqueza que se imagina dele para oferecer a própria alma como forma de alcançar seus objetivos e fruir de status e gozo material no mundo.
Entendo os que têm medo, porque em muitos momentos tive medo. É duro, por exemplo, estar a caminho de casa e alguém com uma arma na cabeça lhe roubar um celular e o dinheiro. Quando a gente escreve algo, por exemplo, dependendo do assunto, tem relativo receio de ser mal interpretado, tem relativo temor das críticas que magoam, que nada têm de edificantes, têm medo até da própria reação, dependendo da raiva que pode invadir o espírito. Mesmo assim, desafiam-se os acontecimentos e expectativas.
Certo, cedi ao que o ladrão queria. E se algum ladrão quiser roubar sua fé, sua alma e lhe disser: "Negue sua fé ou morrerá! Negue que isto é o correto ou morrerá!". É muito dura essa situação, mas ela ocorre com muitos pelo mundo e muitos não negociam sua fé, suas convicções políticas, seu ideais de justiça e liberdade.
Com essa mentalidade de resignação, de covardia, de aprisionamento e anulação da própria vontade e fé na justiça, de negociar o que não se deve negociar, será fácil receber o sinal da besta, da égua, do diabo, do ditador, do corrupto, do que se acha o fortão e indestrutível, da corja de assassinos, seja qual for a manifestação de um ser destruidor e ladrão. Exércitos de pessoas negociam o viver, o estar vivo, ainda que vegetem.
O estar do lado do que é justo muitas vezes significa solidão.
O falar o correto, o que é justo, muitas vezes significa ser calado à força para sempre. A história dos que lutaram pela justiça prova isso.
Mas não teríamos chegado onde chegamos, sem que os que nada negociam e acreditam piamente em seus ideais não tivessem doado e dado suas vidas por nós, sem nem nos conhecer.
Por isso, admiro tremendamente essas pessoas cujos valores, corpo, alma, ideais e fé são inegociáveis.


(Jackson Angelo)


 

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