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A voz das celebridades

segunda-feira, 29 de agosto de 2011


Print do Google para celebrity

Neste texto pensei em como a mentalidade dos que, de modo parasita e manipulador, se aproveitam da influência das celebridades sobre o comportamento, modo de ser, viver e até morrer das pessoas. Especificamente dessas que, como se embriagadas por um entorpecente amor ao seu ídolo, absorvem destes suas alegrias, tragédias, luzes e escuridões. Um amor que nutre a alma dos seus expectadores apaixonados durante o período em que a celebridade ainda é celebridade. Até que a estrela já cadente irradia sua última luz quando, por fim, pode ser vista tremulando no firmamento dos astros midiáticos. Paparazzis contínuos de suas perturbações e exageros, cujas aparições são vividas com intensa e vampiresca ansiedade.
Se não entendeu, ótimo! Hoje, não consigo explicar nada, me sinto refém do que não consigo explicar.

Eu posso, você espera
Sou a notícia, você lê
Quando apareço, você fotografa
Eu uso, você quer
Eu jogo fora, você lambe o objeto no chão
Eu estiro o dedo, você fica feliz
Meu erro você vê, você quer, você venera
Eu enlouqueço, bebo, você festeja
Arranco os cabelos de ódio, você me idolatra
Está dando tudo errado, você continua me seguindo
Quando atropelo, você sonha ser a estrada
Digo sim, você repete; digo não, você repete
Eu desejo, você me dá sua alma
Você me vê, me enxerga, eu vejo vultos se movendo, sem imagem e sem espelho
E mesmo que eu seja um Frankstein dos holofotes, câmeras e orgias da fama
Sou mais criador do que criatura
Minhas mãos e ideias lhe moldam dia a dia
Um dia quadrado, outro redondo, e você sem forma
Eu, a soma de todas as cores
Você como tela é borrada pelos pingos de minha aquarela
Eu identidade, você margem
Silencio, você ouve vozes, espera me ouvir
Quando grito, você sonha acordado
Basta que eu levante a mão você se joga do precipício
Existo, os cientistas sociais me estudam
Existir passa a ser uma camisa-de-força
Sigo o itinerário e vou, você corre atrás
Sou marca, você um consumidor
Faço o show, a luz está acesa em seus olhos
Quando vejo um velório de mim mesmo,
Está diante de você sua própria razão de viver

(Jackson Angelo, em junho e agosto de 2011)
 

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