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O MENESTREL, APRENDI QUE, MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA, ETC. Afinal, qual é a verdade?

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

É progressivamente confuso e caótico o que vou tentar explicar. Já li várias explicações a respeito (esse clima de charada é proposital), mas não cheguei a um consenso. Mesmo os consensos existentes variam. Espero poder dar alguma contribuição, pelo menos, para mim mesmo já dei. Sei que adquiri mais dúvidas do que certezas. Porém, dúvidas mais sólidas e justificáveis. Tudo o que escreverei de concreto (??) é baseado em informações coletadas na própria internet. Sim, nesta teia que com imenso poder de hiper-reprodutibilidade e hiper-acessibilidade escavouca verdades e mitos, imortaliza idiotas em heróis e converte, metamorfoseia mentiras em verdades incontestáveis. O banquete é vastíssimo. Distinguir os alimentos pútridos dos sadios é proporcionalmente difícil. Podemos nos tornar escatófagos.
A questão é um texto atribuído (por enquanto) a três escritores : William Shakespeare, Veronica Shoffstall e Judith Evans. Sei que até este momento são apenas estes três. Se, mais tarde, aparecerem mais versões do poema, mais indicações de autores, terei alguma forma de certeza que não são.
Até aqui não sei exatamente quem é a autora, contudo, autor não é. Não é William Shakespeare, como aponta o site www.pensador.info, na página http://www.pensador.info/autor/William_Shakespeare/9/.
Nessa mesma página, há umas quatro versões de uma versão adulterada de um poema publicamente intitulado ou "Comes the dawn" ou "After a while": "Um dia a gente aprende que...", "Depois de algum tempo", "O Menestrel", "Aprendendo a ser forte":
" Aprender

Depois de algum tempo você aprende a diferença,
A sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma.
E você aprende que amar não significa apoiar-se,
E que companhia nem sempre significa segurança.
E começa a aprender que beijos não são contratos
E presentes não são promessas.
E começa a aceitar suas derrotas
Com a cabeça erguida e olhos adiante,
Com a graça de um adulto
E não com a tristeza de uma criança.
E aprende a construir todas as suas estradas no hoje,
Porque o terreno do amanhã
É incerto demais para os planos,
E o futuro tem o costume de cair em meio ao vão.
Depois de um tempo você aprende
Que o sol queima se ficar exposto por muito tempo.
E aprende que não importa o quanto você se importe,
Algumas pessoas simplesmente não se importam...
E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa,
Ela vai feri-lo de vez em quando E você precisa perdoá-la por isso.
Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.
Descobre que se leva anos para se construir confiança
E apenas segundos para destruí-la,
E que você pode fazer coisas em um instante,
Das quais se arrependerá pelo resto da vida.
Aprende que verdadeiras amizades
Continuam a crescer mesmo a longas distâncias.
E o que importa não é o que você tem na vida,
Mas quem você tem na vida.
E que bons amigos são a família
Que nos permitiram escolher.
Aprende que não temos que mudar de amigos
Se compreendemos que os amigos mudam,
Percebe que seu melhor amigo e você
Podem fazer qualquer coisa, ou nada,
E terem bons momentos juntos.
Descobre que as pessoas
Com quem você mais se importa na vida
São tomadas de você muito depressa,
Por isso sempre devemos deixar
As pessoas que amamos com palavras amorosas,
Pode ser a última vez que as vejamos.
Aprende que as circunstâncias e os ambientes
Têm influência sobre nós,
Mas nós somos responsáveis por nós mesmos.
Começa a aprender Que não se deve comparar com os outros,
Mas com o melhor que pode ser.
Descobre que se leva muito tempo
Para se tornar a pessoa que quer ser,
E que o tempo é curto. Aprende que não importa aonde já chegou,
Mas onde está indo.
Mas se você não sabe para onde está indo,
Qualquer lugar serve.
Aprende que, ou você controla seus atos
Ou eles o controlarão,
E que ser flexível não significa
Ser fraco ou não ter personalidade,
Pois não importa quão delicada e frágil
Seja um situação, Sempre existem dois lados.
Aprende que heróis são pessoas
Que fizeram o que era necessário fazer,
Enfrentando as conseqüências.
Aprende que paciência requer muita prática.
Descobre que algumas vezes
A pessoas que você espera que o chute quando você cai
É uma das poucas que o ajudam a levantar-se.
Aprende que maturidade tem mais a ver
Com os tipos de experiência que se teve
E o que você aprendeu com elas
Do que com quantos aniversários você já celebrou.
Aprende que há mais dos seus pais em você
Do que você supunha.
Aprende que nunca se deve dizer a uma criança
Que sonhos são bobagens,
Poucas coisas são tão humilhantes
E seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.
Aprende que quando está com raiva
Tem o direito de estar com raiva,
Mas isso não te dá o direito de ser cruel.
Descobre que só porque alguém não o ama
Do jeito que você quer que ame,
Não significa que esse alguém
Não o ame com tudo o que pode,
Pois existem pessoas que nos amam,
Mas simplesmente não sabem
Como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente
Ser perdoado por alguém,
Algumas vezes você tem que aprender
A perdoar-se a si mesmo.
Aprende que com a mesma severidade com que julga,
Você será em algum momento condenado.
Aprende que não importa
Em quantos pedaços seu coração foi partido,
Mundo não pára para que você o conserte.
Aprende que o tempo não é algo
Que possa voltar para trás,
Portanto, plante seu jardim e decore sua alma,
Ao invés de esperar que alguém lhe traga flores.
E você aprende que realmente pode suportar...
Que realmente é forte,
E que pode ir muito mais longe
Depois de pensar que não se pode mais.
E que realmente a vida tem valor
E que você tem valor diante da vida!
Nossa dádivas são traidoras
E nos fazem perder
O bem que poderíamos conquistar,
Se não fosse o medo de tentar"
O mesmo site "pensador" atribui a autoria do mesmo poema (com preservação do texto que pode ser o original) a Veronica Shoffstall na página:
http://www.pensador.info/autor/Veronica_Shoffstall/
Esse texto e outras citações atribuídas a Shakespeare, as discrepâncias de informações dão uma idéia do nível de compromisso que este site tem com a veracidade de informações. O número de usuários registrados é alto e ele se destaca na primeira página do Google quando se realiza a busca por 'shakespeare texto', 'textos shakespare'. O nome do site chega a ser irônico: pensador. Esse tipo de texto é chamado apócrifo. Ou até de texto-frankstein, de acordo com o site:
http://www.autordesconhecido.blogger.com.br/2005_11_01_archive.html.
Pelo menos, no site "pensador" o nome do autor está grafado corretamente. Há alguns sites que registram Shoftall, e até livros, como "Tempestade de Sonhos", de Tania Castelliano (sem acento), publicado pela editora Letras Expressões, em 1999. Na página 59, o texto é citado sem título como "versos de Veronica A. Shoftall":
"Depois de algum tempo você aprende a diferença,
a sutil diferença entre dar a mão e acorrentar uma alma,

E você aprende que amar não significa apoiar-se
e que companhia nem sempre quer dizer segurança.

E começa a aprender que beijos não são contratos
e presentes não são promessas.

E começa a aceitar suas derrotas
com a cabeça erguida e olhos adiante,
com a graça de um adulto, e não com a
tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas
no hoje porque o terreno do amanhã é incerto
demais para os planos, e o futuro tem o
costume de cair em meio vôo.

Depois de um tempo, você aprende que até o sol
queima se você ficar exposto por muito tempo.

Portanto, planta seu jardim e enfeite sua alma,
em vez de esperar que alguém lhe traga flores.

E aprenda que você realmente pode suportar....
que realmente é forte.

E que realmente tem valor."
O sentido do texto original se perdeu em alguns versos. O texto original, conforme afirma Shoffstall, em seu próprio site (http://web.archive.org/web/20020409135851/www.geocities.com/SoHo/8184/afterawh.html),
é o seguinte:

"After a While"

After a while you learn


the subtle difference between
holding a hand and chaining a soul
and you learn
that love doesn't mean leaning
and company doesn't always mean security.
And you begin to learn
that kisses aren't contracts
and presents aren't promises
and you begin to accept your defeats
with your head up and your eyes ahead
with the grace of woman, not the grief of a child
and you learn
to build all your roads on today
because tomorrow's ground is
too uncertain for plans
and futures have a way of falling down
in mid-flight.
After a while you learn
that even sunshine burns
if you get too much
so you plant your own garden
and decorate your own soul
instead of waiting for someone
to bring you flowers.
And you learn that you really can endure
you really are strong
you really do have worth
and you learn
and you learn
with every goodbye, you learn...

© 1971 Veronica A. Shoffstall"

É possível perceber no poema uma retratação de experiências de vida variadas, principalmente amorosas. Há erros grosseiros nesta tradução, com adulteração do texto original. Não se trata de "com a graça de um adulto" e, sim, "com a graça de mulher". Os últimos versos se perderam quase totalmente.
O site www.autordesconhecido.blogger.com.br é um referencial para se conhecer a verdadeira autoria de textos publicados na internet. Ele explica a falsa autoria do referido texto atribuído a Shakespeare e atribui a Veronica A. Shoffstall sua autoria, sem mencionar Judith Evans apontada em vários sites de internet como possível autora do texto.
Este site define o texto seguinte como "a verdadeira tradução" (não é "uma", é "a") de "After a while":
"A verdadeira tradução:

Depois de um tempo

Veronica Shoffstall

Depois de um tempo você aprende
a sutil diferença entre
segurar uma mão e acorrentar uma alma
e você aprende
que amar não significa apoiar-se
e companhia não quer sempre dizer segurança
e você começa a aprender
que beijos não são contratos
e presentes não são promessas
e você começa a aceitar suas derrotas
com sua cabeça erguida e seus olhos adiante
com a graça de mulher, não a tristeza de uma criança
e você aprende
a construir todas as estradas hoje
porque o terreno de amanhã é
demasiado incerto para planos
e futuros têm o hábito de cair no meio do vôo
Depois de um tempo você aprende
que até mesmo a luz do sol queima
se você a tiver demais
então você planta seu próprio jardim
e enfeita sua própria alma
ao invés de esperar que alguém lhe traga flores
E você aprende que você realmente pode resistir
você realmente é forte
você realmente tem valor
e você aprende
e você aprende
com cada adeus, você aprende."
Na verdade, o que notei é que Judith sempre aparece reivindicando para si mesma a autoria desse texto. Encontrei até um site que em contatos o webmaster através de troca de e-mails com Judith Evans constatou erro crasso de língua inglesa. Contudo, por não haver um copyright legitimado, prefere deixar o autor como desconhecido ou não-comprovado.
Lendo o texto definido como a verdadeira tradução, é possível entender que é uma tradução do texto original, não quer dizer que seja uma tradução oficializada por ninguém. É uma tradução que deixa a desejar, pois não proporciona uma leitura agradável, com eufonia e o lirismo exigido pelo poema (onde vi possibilidade de uma "plástica" deixei em negrito). Acho, na minha modesta opinião, que não pode ser adotado como tradução para se pôr em livros, talvez em alguns sites. A tradução apresentada por Tania Castelliano é foneticamente agradável, apesar das falhas.
Como Judith Evans entrou neste cenário? Eu não sei!!! Shoffstall foi a primeira autora mencionada como a original. Judith Evans apareceu depois. Na página: http://www.emule.com/2poetry/phorum/read.php?4,27156,40760, ela própria aparece para debater sobre a verdadeira autoria do texto "Comes the dawn" (como é erroneamente chamado por alguns) e admite ser a autora verdadeira:

"Re: Does anyone know the author of Comes The Dawn?
Posted by: Judith Evans (---.154.1.189.Dial1.Atlanta1.Level3.net)
Date: September 09, 2004 12:48PM

ACTUALLY.... if you Google "Comes the Dawn" you get many listing of anonymous, some with names and the most prominent name will be Veronica Shofftall. It will also say that she copyrighted it in 1971. However, she claimsit was first published in my college yearbook 1972, a book called The Ivy, from Mohawk Valley Community College in Utica, NY.” She later officially copyrighted it.

The version of the poem to which she may, or may not, have legal copyright, is not the original version. And it was CALLED "Comes the Dawn" because the last line was, before she edited it, ".... with every good-bye comes the dawn."

The poem actually went like this:

Comes The Dawn

After a while, you learn the subtle difference
between holding a hand and chaining a soul.
And you learn that loving doesn’t mean leaning
and company isn’t security.
(Kisses aren’t contracts and presents aren’t promises.)

After a while you begin to accept your defeats
with your head up and your eyes open,
with the grace of a woman, not the grief of a child.
And you learn to build your roads on today
because tomorrow’s ground is too uncertain
and the inevitable has a way of crumbling in mid-flight.

After a while you learn that even sunshine burns
if you stand too long in one place.

So, you plant your own garden and decorate your own soul
instead of waiting for someone else to bring you flowers.
And you learn you really can endure,
that you really do have worth.
You learn that with every good-bye comes the dawn.

Hence, the title. Veronica Shofftall may have copyrighted *her rendition* of this poem, but she didn't copyright the original version. The original has been out in the public domain for some 30 years. It CAN'T be copy righted now. It's public and has been long before the internet became a common, household entity. I know. I wrote it and made the mistake or sharing it with a large group of people, well over 30, because I made 30 copies of it and ran out long before people stopped asking me for it.

So, no matter how much her name is on her version, which belongs to her, this is the original."

No decorrer do debate, Judith Evans afirma que este não é seu principal texto e que basta uma análise do seu estilo de escrever para identificá-la como a verdadeira autora. Judith Evans não acertou o nome de Shoffstall, só escreveu Shoftall. Acho muito revelador uma escritora ostentar falta de atenção e respeito com um nome próprio, principalmente em um ambiente digitalmente público.
Há outra versão do texto em língua inglesa:

"After a while,
you learn the subtle differencebetween holding a hand
and chaining a soul.
And you learn that loving doesn’t mean leaning
That kisses aren’t contractsand presents aren’t promises.

After a while you learn that even sunshine burns
if you get too much.
So you plant your own garden
and decorate your own soul
instead of waiting for someone to bring you flowers.

You learn to build your roads on today
because tomorrow’s ground is uncertain
and futures have a way of crumbling in mid-flight.
And so you you begin to accept your defeats
with your head up and your eyes open,
with the grace of a woman,
not the grief of a child.

And you learn you really can endure
that you really are strongthat you really do have worth.
And you learn, with every painful experience, you learn.
With every good-bye comes the dawn."
Uma representação teatral do (desconhecido pra mim) ator Moacir Reis foi gravada e disponibilizada no Youtube, em que ele interpreta o texto-frankstein, desta vez intitulado "O Menestrel". Na edição do vídeo, o texto também é atribuído a Shakespeare. Os 47 comentários do vídeo demonstram uma avaliação muito positiva por parte dos internautas. Um deles chegou a dizer que não importa a autoria, mas o que o texto quer dizer.
No Orkut há uma comunidade chamada "Afinal, quem é o autor?", dedicada a resolver questões de autoria de texto. Eu a considero fundamental. Mesmo nesta "comu" não consegui saber com exatidão se a autora é Judith ou Veronica. Contudo, é importante ressaltar que seus participantes "apostam" mais em Veronica.
Várias vezes citei indevidamente pensamentos e frases como se fossem de personalidades como Albert Einstein, Karr, Chaplin, entre outros. Hoje, tenho nojo deste passado (faz só dois dias) em que não pesquisava e aceitava esse tipo de informação como verdadeira, apesar de ser muito óbvio que os textos não pertenciam aos autores descritos.

MARILENA CHAUÍ: A Liberdade como problema (fragmento)

quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

Gosto demais desse texto. É um fragmento do cap. 6 do Livro Convite à Filosofia, de Marilena Chauí. Para mim valeu muito à pena lê-lo.

Marilena Chauí

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Capítulo 6 -A liberdade

A liberdade como problema

A torneira seca (mas pior: a falta de sede) A luz apagada (mas pior: o gosto do escuro) A porta fechada (mas pior: a chave por dentro).

Este poema de José Paulo Paes nos fala, de forma extremamente concentrada e precisa, do núcleo da liberdade e de sua ausência. O poeta lança um contraponto entre uma situação externa experimentada como um dado ou como um fato (a torneira seca, a luz apagada, a porta fechada) e a inércia resignada no interior do sujeito (a falta de sede, o gosto do escuro, a chave por dentro). O contraponto é feito pela expressão “mas pior”. Que significa ela? Que diante da adversidade, renunciamos a enfrentá-la, fazemo-nos cúmplices dela e é isso o pior. Pior é a renúncia à liberdade. Secura, escuridão e prisão deixam de estar fora de nós, para se tornarem nós mesmos, com nossa falta de sede, nosso gosto do escuro e nossa falta de vontade de girar a chave.
Um outro poema também oferece o contraponto entre nós e o mundo:

Mundo mundo vasto mundo, Se eu me chamasse Raimundo Seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo, Mais vasto é meu coração.

Neste poema, Carlos Drummond de Andrade, como José Paulo Paes, confronta-nos com a realidade exterior: o “vasto mundo” do qual somos uma pequena parcela e no qual estamos mergulhados. Todavia, os dois poemas diferem, pois em vez da inércia resignada, estamos agora diante da afirmação de que nosso ser é mais vasto do que o mundo: pelo nosso coração – sentimentos e imaginação somos maiores do que o mundo, criamos outros mundos possíveis, inventamos outra realidade. Abrimos a torneira, acendemos a luz e giramos a chave. Embora diferentes, os dois poemas apontam para o grande tema da ética, desde que esta se tornou questão filosófica: O que está e o que não está em nosso poder? Até onde de estende o poder de nossa vontade, de nosso desejo, de nossa consciência? Em outras palavras: Até onde alcança o poder de nossa liberdade? Podemos mais do que o mundo ou este pode mais do que nossa liberdade? O que está inteiramente em nosso poder e o que depende inteiramente de causas e
forças exteriores que agem sobre nós? Por que o pior é a falta de sede e não a torneira seca, o gosto do escuro e não a luz apagada, a chave imobilizada e não a porta fechada? O que depende do “vasto mundo” e o que depende de nosso “mais vasto coração ”?
Essa mesma interrogação, embora não explicitada nesses termos, encontra-se presente no que escreveu o poeta Vicente de Carvalho em “Velho tema”:

Só a leve esperança, em toda a vida, Disfarça a pena de viver, mais nada, Nem é mais a existência, resumida, Que uma grande esperança malograda. O eterno sonho da alma desterrada, Sonho que a traz ansiosa e embevecida, É uma hora feliz, sempre adiada E que não chega nunca em toda a vida. Essa felicidade que supomos, Árvore milagrosa que sonhamos Toda arreada de dourados pomos Existe, sim: mas nós não a alcançamos, Porque está sempre apenas onde a pomos E nunca a pomos onde nós estamos.

O poeta contrasta a “esperança malograda” de felicidade e a felicidade que “existe, sim”, mas que não alcançamos porque “nunca a pomos onde nós estamos”, embora esteja “sempre apenas onde a pomos”. Nossa alma fica desterrada no sonho, exilada do real, porque incapaz de reconhecer que a felicidade não é uma árvore distante, situada em algum lugar não localizável do
vasto mundo, mas está em nós, em nossa “leve esperança”, em nosso mais vasto coração, dependendo apenas de nós mesmos, “porque está sempre apenas onde a pomos”.
Porta fechada, vasto mundo, árvore milagrosa: a felicidade parece depender inteiramente do que se encontra fora de nós.
Chave por dentro, coração mais vasto, estar sempre apenas onde a pomos: a felicidade parece depender inteiramente de nós. Seja de modo pessimista (como em José Paulo Paes e Vicente de Carvalho), seja de modo otimista (como em Carlos Drummond), os três poetas nos colocam diante da liberdade como problema. Filosoficamente, este se apresenta sob a forma de dois pares de opostos:
1. o par necessidade-liberdade;
2. o par contingência-liberdade.
Torneira seca, luz apagada, porta fechada: a realidade é feita de situações adversas e opressoras, contra as quais nada podemos, pois são necessárias. Vasto mundo: se a realidade natural e cultural possui leis causais necessárias e normas, regras obrigatórias, se tanto as leis naturais como as leis culturais não dependem de nós, se sermos seres naturais e culturais não depende de nós, se somos seres naturais e culturais cuja consciência e vontade são determinadas por aquelas leis (da Natureza) e normas-regras (da Cultura), como então falar em liberdade humana? A necessidade que rege as leis naturais e as normas-regras culturais não seria mais vasta, maior e mais poderosa do que nossa liberdade? O que poderia estar em nosso poder? Árvore milagrosa: se a felicidade e o bem são milagres, então são puro acaso, pura contingência e não resta senão o jogo interminável entre a “leve esperança”
e a “grande esperança malograda”. Se o mundo é um tecido de acasos felizes e infelizes, como esperar que sejamos sujeitos livres, se tudo o que acontece é imprevisível, fruto da boa e da má sorte, de acontecimentos sem causa e sem explicação? Como sermos sujeitos responsáveis num mundo feito de acidentes e de total indeterminação? Se tudo é contingência, onde colocar a liberdade?
O par necessidade-liberdade também pode ser formulado em termos religiosos, como fatalidade-liberdade, e em termos científicos, como determinismo-liberdade. Necessidade é o termo empregado para referir-se ao todo da realidade, existente em si e por si, que age sem nós e nos insere em sua rede de causas e efeitos, condições e consequências. Fatalidade é o termo usado quando pensamos em forças transcendentes às nossas e que nos governam, quer o queiramos ou não. Determinismo é o termo empregado, a partir do século XIX, para referir-se à
realidade conhecida e controlada pela ciência e, no caso da ética, particularmente ao ser humano como objeto das ciências naturais (química e biologia) e das ciências humanas (sociologia e psicologia), portanto, como completamente determinado pelas leis e causas que condicionam seus pensamentos, sentimentos e ações, tornando a liberdade ilusória.
O par contingência-liberdade também pode ser formulado pela oposição acaso-liberdade.
Contingência ou acaso significam que a realidade é imprevisível e mutável, impossibilitando deliberação e decisão racionais, definidoras da liberdade. Num mundo onde tudo acontece por acidente, somos como um frágil barquinho perdido num mar tempestuoso, levado em todas as direções, ao sabor das vagas e dos ventos.
Necessidade, fatalidade, determinismo significam que não há lugar para a liberdade, porque o curso das coisas e de nossas vidas já está fixado, sem que nele possamos intervir. Contingência e acaso significam que não há lugar para a liberdade, porque não há curso algum das coisas e de nossas vidas sobre o qual pudéssemos intervir.
Tomemos um exemplo da necessidade oposta à liberdade:
Não escolhi nascer numa determinada época, num determinado país, numa determinada família, com um corpo determinado. As condições de meu nascimento e de minha vida fazem de mim aquilo que sou e minhas ações, meus desejos, meus sentimentos, minhas intenções, minhas condutas resultam dessas condições, nada restando a mim senão obedecê-las. Como dizer que sou livre e responsável?
Se, por exemplo, nasci negra, mulher, numa família pobre, numa sociedade racista, machista e classista, que me discrimina racial, sexual e socialmente, que me impede o acesso à escola e a um trabalho bem remunerado, que me proíbe a entrada em certos lugares, que me interdita amar quem não for da mesma “raça” e classe social, como dizer que sou livre para viver, sentir, pensar e agir de uma maneira que não escolhi, mas foi-me imposta?
Tomemos, agora, um exemplo da contingência oposta à liberdade.
Quando minha mãe estava grávida de mim, houve um acidente sanitário, provocando uma epidemia. Minha mãe adoeceu. Nasci com problemas de visão. Foi por acaso que a gravidez de minha mãe coincidiu com o acaso da epidemia: por acaso, ela adoeceu; por acaso, nasci com distúrbios visuais. Tendo tais distúrbios, preciso de cuidados médicos especiais. No entanto, na época em que nasci, o governo de meu país instituiu um plano econômico de redução de empregos e privatização do serviço público de saúde. Meu pai e minha mãe ficaram desempregados e não podiam contar com o serviço de saúde para meu tratamento. Tivesse eu nascido em outra ocasião, talvez pudesse ter sido curada de meus problemas visuais.
Quis o acaso que eu nascesse numa época funesta. Tal como sou, há coisas que não posso fazer. Sou, porém, bem dotada para música e poderia receber uma educação musical. Porém, houve a decisão do governo municipal de minha cidade de demolir o conservatório musical público. Não posso pagar um conservatório particular e ficarei sem a educação musical, porque, por acaso, moro numa cidade que deixará de ter um serviço público de educação artística.
Morasse eu em outra cidade ou fosse outro o governo municipal, isso não aconteceria comigo. Como, então, dizer que sou livre para decidir e escolher, se vivo num mundo onde tudo acontece por acaso? Diante da necessidade e da contingência, como afirmar que “mais vasto é meu coração”? – ou que a felicidade “está sempre onde a pomos”? Examinemos mais de perto os dois exemplos mencionados.
No primeiro exemplo – negra, mulher, pobre, numa sociedade racista, machista, classista – parece que nada posso fazer. A porta está fechada e a luz apagada. Porém, nada estará no poder de minha liberdade? Terei que gostar do escuro e permanecer com a porta fechada? Se a ética afirmar que a discriminação étnica, sexual e de classe é imoral (isto é, violenta), se eu tiver consciência disso, nada farei? Serei impotente para lutar livremente contra tal situação? Mantendo-me resignada, conformada, passiva e omissa não estarei fazendo da necessidade uma
desculpa, um álibi para não agir? No segundo exemplo – epidemia, desemprego, fim dos serviços públicos de saúde e educação artística – também parece que nada posso fazer. Será verdade?
Não estarei transformando os acasos de meu nascimento e das condições políticas em desculpa e álibi para minha resignação? Falarei em “destino” e “má sorte” para explicar o fechamento de todos os possíveis para fim? Renunciarei à vastidão do meu coração, aceitando que a felicidade sempre será posta onde não estou?
Nos dois casos, podemos indagar se, afinal, para nós resta somente “a pena de viver, mais nada” ou se, como escreveu o filósofo Sartre, o que importa não é saber o que fizeram de nós e sim o que fazemos com o que quiseram fazer conosco.

Mamãe está aqui

quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

"O tempo é muito lento para os que esperam, muito rápido para os que têm medo, muito longo para os que lamentam. Mas, para os que amam, o tempo é eternidade." (William Shakespeare)

Mamãe está aqui

Mamãe está em casa
E as nuvens escuras, acinzentadas fugiram do céu
O céu voltou a ser azul
O azul voltou a ser brilhante
O brilho voltou e com ele o sol
O sol voltou e reluz firmemente
A cortina da sla foi aberta
E a luz entrou apaixonada
Mamãe está aqui
Finalmente
Não foi desta vez nem nestes dias que nos separamos
Mamãe está aqui
Sei que ela está cansadinha
Foram tantas batalhas
Tanto tempo, tanta dor, tanta espera
Eu vou lhe dar um beijo
Como se nunca tivesse dado apesar da imensa vontade
Infinito, por mais rápido que seja
Eu vou cariciar sua mão
Essa mão que me conduziu, carregou, consertou
É verdade. Ela está aqui! Está aqui! Ao meu lado!
Para sempre, na incógnita do tempo
Eu quero fazê-la sorrir
E ser uma criança em seu colo
Quero lhe dar esperança e amor
Mamãe

Não entendo por quêêêêêê tenho tanta pressa na chegada de 2008

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Um amigo

Não se descobre um amigo naquele que abraça, beija e acaricia. Naquele que diz que lhe ama e que gosta de você. Um amigo não diz apenas que você é especial. Seus atos naturalmente conseguem fazer com que você se sinta especial. Ele jamais, de modo algum, usa ou abusa de suas fraquezas e fragilidades.
Jackson Angelo. Junho de 2006

Qual é a origem da palavra "participação"? (Bordenave)

Qual é a origem da palavra "participação"?


Pergunte a qualquer pessoa o que é participação e, com toda certeza, ela mencionará a palavra "parte" em sua resposta. Seguramente vai dizer que "participar é fazer parte de algum grupo ou associação", ou "tomar parte numa determinada atividade", ou, ainda, "ter parte num negócio".
Fazer parte.
Tomar parte.
Ter parte.
De fato, a palavra participação vem da palavra parte. Participação é fazer parte, tomar parte ou ter parte. Mas é tudo a mesma coisa ou há diferenças no significado destas expressões?
João faz parte de nosso grupo mas raramente toma parte das reuniões.
Fazemos parte da população do Brasil mas não tomamos parte nas decisões importantes.
Edgar faz parte de nossa empresa mas não tem parte alguma no negócio.
Estas frases indicam que é possível fazer parte sem tomar parte e que a segunda expressão representa um nível mais intenso de participação. Eis a diferença entre a participação passiva e a participação ativa, a distância entre o cidadão inerte e o cidadão engajado.
Ora, mesmo dentro da participação ativa, isto é, entre as pessoas que "tomam parte", existem diferenças na qualidade de sua participação.
Algumas, por exemplo, sentem "ser parte" da organização, isto é, consideram-se como "tendo parte" nela e dedicam-lhe sua lealdade e responsabilidade.
Outras, embora muito ativas, talvez levadas pelo seu dinamismo natural, não professam uma lealdade comprometida com a organização e facilmente a abandonam para gastar suas energias excedentes em outra organização.
A prova de fogo da participação não é o quanto se toma parte mas como se toma parte.
Possivelmente, a insatisfação com a democracia representativa que se nota nos últimos tempos em alguns países se deva ao fato de os cidadãos desejarem cada vez mais "tomar parte" no constante processo de tomada nacional de decisões e não somente nas eleições periódicas. A democracia participativa seria então aquela em que os cidadãos sentem que, por "fazerem parte" da nação, "têm parte" real na sua condução e por isso "tomam parte" - cada qual em seu ambiente - na construção de uma nova sociedade da qual se "sentem parte".
O homem participa nos grupos primários, como a família, o grupo de amizade ou de vizinhança, e participa também dos grupos secundários, como as associações profissionais, sindicatos, empresas.
Participa ainda dos grupos terciários, como os partidos políticos e movimentos de classe.
Podemos então falar de processos de micro e de macroparticipação. É importante distingui-los porque muitas pessoas participam somente em nível micro sem perceber que poderiam - e talvez deveriam - participar também em nível macro, ou social.
Para A.Meister a microparticipação é a associação voluntária de duas ou mais pessoas numa atividade comum da qual elas não pretendem unicamente tirar benefícios pessoais e imediatos (...)
A macroparticipação, isto é, a participação macrossocial, compreende a intervenção das pessoas nos processos dinâmicos que constituem ou modificam a sociedade, quer dizer, na história da sociedade. Sua conceitualização, por conseguinte, deve incidir no que é mais básico na sociedade, que é a produção dos bens materiais e culturais, bem como sua administração e seu usufruto.
Segundo esta premissa, participação social é o processo mediante o qual as diversas camadas sociais têm parte na produção, na gestão e no usufruto dos bens de uma sociedade historicamente determinada (Safira Bezerra Amman) (...)
Assim, a construção de uma sociedade participativa converte-se na utopia-força que dá sentido a todas as microparticipações. Neste sentido, a participação na família, na escola, no trabalho, no esporte, na comunidade, constituiria a aprendizagem e o caminho para a participação em nível macro numa sociedade onde não existam mais setores ou pessoas marginalizadas. Aos sistemas educativos, formais e não-formais, caberia desenvolver mentalidades participativas pela prática constante e refletida da participação.
O interessante é que a luta pela participação social envolve ela mesma processos participatórios, isto é, atividades organizadas dos grupos com o objetivo de expressar necessidades ou demandas, defender interesses comuns, alcançar determinados objetivos econômicos, sociais ou políticos, ou influir de maneira direta nos poderes públicos.
Concebida a participação social como produção, gestão e usufruto com acesso universal, põe-se a descoberto a falácia de se pretender uma participação política sem uma correspondente participação social equitativa: com efeito, na democracia liberal os cidadãos tomam parte nos rituais eleitorais e escolhem seus representantes, mas, por não possuírem nem administrarem os meios de produção material e cultural, sua participação macrossocial é fictícia e não real."

Bordenave, Juan e Diaz, O Que é Participação?
Editora Brasiliense, São Paulo, 1983.

AS RODAS DA VIDA

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Resolução original: 800X759

PROJETOS FUTURÍSTICOS DO PASSADO

Projeto futurístico de cidade de 1895. Empresa: Revista Judge, Nova Iorque (combinação de casa-apartamento)

Carro projetado em 1958

Mensagem para ano-novo: "To já chegando"

Ano Novo: Presente e Permissão de Deus

domingo, 23 de dezembro de 2007


Receba com carinho e esperança o ano que está por vir, como quem irá cuidar de uma criança: um ponto de partida, um renovo, um recomeço!!!!!

Felicidade Divina (François René de Chateaubriand, in O Gênio do Cristianismo)

sábado, 22 de dezembro de 2007

Felicidade Divina

Digam-nos desde já: se a alma se extingue na sepultura, de onde nos vem o desejo de felicidade que nos atormenta? As nossas paixões terrenas facilmente se fartam: amor, ambição, cólera, tem uma segura plenitude de gozo; a ânsia de felicidade é a única que carece de satisfação como objeto, porque se não sabe o que é esta felicidade que se quer. Força é concordar que, se tudo é matéria, a natureza, neste caso enganou-se estranhamente, fez um sentimento sem aplicação.
É certo que a nossa alma deseja eternamente; apenas alcança o objeto da sua cobiça, deseja de novo; o universo inteiro não a sacia. O infinito é o campo único que lhe convém; apraz-se em desorientar-se no labirinto dos números, e conceber as máximas e as mínimas dimensões. Enfim, repleta, mas não saciada do que devorou, atira-se ao seio de Deus, onde convergem as ideias do infinito em perfeição, em tempo, e em espaço; ela, porém, não se ingolfa na Divindade senão porque essa Divindade é cheia de trevas, Deus absconditus.
Se lhe fosse clara a intuição divina, desdenha-la-ia como a tudo que está sujeito à sua compreensão. E com razão talvez; porque se a alma se explicasse ao justo o eterno princípio, ela seria superior ou igual a esse princípio. A ordem das coisas divinas difere da ordem das coisas humanas: um homem pode compreender o poder de um rei sem ser rei; mas um homem que compreendesse Deus seria Deus.

Fonte: http://citador.weblog.com.pt/arquivo/181336.html

Não seja pessimista

sábado, 15 de dezembro de 2007

Creia que o Ano Novo virá com novidades. Virá com alegria. Não tenha medo de viver, do futuro, de ser, ade agir, de refazer, de admitir os erros. Novidade já tá dizendo: coisas novas. É sempre possível recomeçar. Não se esconda do tempo, do espaço, das obrigações, das situações. Ainda que passae a imagem de sacana, inconsequente, procure ser você mesmo, ser verdadeiro.

Frame fotográfico - uma técnica interessante

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Um modo legal de tornar interessante uma imagem e chamar atenção ao ponto principal de interesse que você está querendo realçar é incorporar uma armação interna em sua composição, ou seja, o famoso frame.
Não se trata de frames artificiais, que entram em composições fotográfica, tipo um cartão com uma foto de alguém e ao seu redor flores e folhas. Mas, aproveitar elementos diversos do próprio ambiente.
Uma armação pode servir para vários propósitos:
1. Dá profundidade à imagem e ajuda a dar a percepção a espectadores disto que eles estão olhando para algo que possui mais de duas dimensões.
2. Usada corretamente, enquanto é "montado" o frame, pode atrair o olho do espectador de um interesse a uma parte particular da cena.
3. A técnica de frame pode trazer um senso de organização ou retenção em uma imagem. Isto não pode ser trabalhado com toda foto - deve-se ter bom senso e criatividade.
4. Esta técnica pode acrescentar contexto a um tiro, conforme as possibilidades, características ambientais, históricas, geográficas, etc., e a intenção de quem fotografa. Por exemplo, a foto da mulher (primeiro plano) em uma casa de palha (ver acima). Nota-se que a casa se tornou um frame, dando-lhe mais significado e estética do que se não tivesse sido tirado desta forma. Toda a rusticidade do ambiente está ao redor dela.
Os frames podem assumir muitas formas - de uma árvore pendendo, uma ponte, ou até mesmo parte de outra pessoa, etc. Ao usar esta técnica é recomendável olhar para uma armação que tem uma forma semelhante ao assunto principal que está sendo tratado.
Armações também podem estar no primeiro plano ou fundo de imagens (embora freqüentemente estejam no primeiro plano).
Abaixo alguns trabalhos que utilizam esta técnica. Interessante como com o frame, há uma ampliação das possibilidades semânticas da foto.



O dia mau

terça-feira, 11 de dezembro de 2007



O dia mau
O dia mau chegou
Mal, me deixou muito mal
Quando pensei que ele nunca mais viria
Quando pensei que não sentiria mais dor
Mas, fico aqui quietinho
Sei que vai passar
O barulho estridente, ameaçador dos trovões
A nuvem negra que encobre completamente os céus
A erupção forte, imparável dos vulcões
Esta tempestade no meu peito
Esta erupção no meu coração
De medo, de dor, de falta de alegria
Este medo de que nunca termine
Minha inquietação
Esses pedidos de socorro a Deus
E neste instante em que não vejo a sua luz
Não ouço sua voz me guiar, me orientar
Eu sei que vai passar
Esse dia de chorar desconsolado, em silêncio
Fico sem entender a razão, apesar de pensar tanto
Não precisa ninguém me explicar
Eu mesmo já expliquei a tanta gente
Mas, está acontecendo agora
Os ventos fortes, contrários sopram agora
Mas, eu vou resistir
Mesmo sem saber que vou
Eu vou sobreviver, não é a primeira vez
Não será a última
E terei alegria pra cantar e correr
Sorrir alto debochando de mim mesmo
Sem fanatismo, sem ironia, sem rancor
Nada disso
Não estou suando sangue
Mas, é como se estivesse
Dentro de mim, o meu ser, saindo de mim
Minha alma sangrando
O instante de ruins pensamentos
Assombrado, não sei como começou
Não quero pensar agora
Eu sei que vai passar
Quando acordar já sentirei os raios do sol
Eu já poso imaginar o brilho do sol
 

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