Reflexões no Espelho do Mundo
O reflexo que veem em mim é uma estranheza,
Cercado por vozes íntimas, desconhecidas,
Incapaz de encontrar meu semblante
Em seus espelhos turvos, manchados pela indiferença.
O que falam, um sussurro distante,
Ecoa em meu interior, um clamor sem trégua,
Uma cacofonia de feras enjauladas
Em minha alma, buscando escape.
Agora, vejo o céu, um manto raro de estrelas,
Restos de brilho de carnavais esquecidos,
Um firmamento desbotado, carcomido pelo tempo,
Cenário de minha queda incessante em abismos sem fim.
E assim, tropeço em mim, um deserto de desespero,
Onde cada passo é eco de um eu replicado,
Um labirinto de ecos e sombras,
Sem máscaras, apenas silhuetas de um passado dilacerado.
Neste mundo, labirintos engolem sentidos,
Fome e sede clamam por um toque de realidade,
Um muro alto separa sonhos de coragem,
Arte e sofrimento se entrelaçam em uma dança macabra.
Olhos que não veem, corações que não sentem,
Almas errantes em corpos esquecidos,
Estátuas que deambulam em ruas abandonadas pela esperança,
Marionetes repetindo gestos e palavras, num ciclo vazio.
Chovem pedras, lâminas, falsidades,
Num deserto de existência, onde a verdade é miragem,
E eu, no centro deste palco,
Busco um sinal de vida, um sopro de autenticidade.
Jackson Angelo, em 30/03/2024
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