Antes de ler, gostaria de fazer algumas observações. Trata-se de uma poesia que tenta transmitir uma profunda sensação de perda e saudade, articulada através de imagens poderosas que contrastam o que foi deixado para trás com o que permanece. A escolha de elementos naturais e cotidianos (como o mar, a areia, pássaros, e até mesmo CDs) ilustra a magnitude do vazio deixado pela ausência de alguém especial. O tema central gira em torno da transformação do ambiente e da vida interior do eu lírico após essa perda, evidenciando um sentimento de solidão que se torna a única estação vivida.
A repetição da estrutura "Se foi... ficou..." é utilizada para enfatizar a ideia de que, apesar da perda de algo ou alguém, algo sempre permanece, mesmo que seja a lembrança, a falta, ou a solidão. Isso cria um ritmo e uma cadência que perpassa toda a alegoria.
Depois que você se foi (versão de 2021)
Se foi o mar ficou a areia
Se foi a água ficou o chão
Se foram os pássaros, as nuvens
Ficou do céu a imensidão
Se foi o sol, ficaram pirilampos
Se foi a razão, ficou meu coração
Se foi um pouco do meu mundo contigo
As estações agora são apenas uma: solidão
Se foram os pássaros, ficaram as montanhas
Faltam letras em muitas palavras
Faltam músicas em muitos CDs
Faltam capítulos e histórias dos livros que escrevi
Faltam sonhos e heróis
Sentimentos que já não falam
Sorrisos que já não alegram
Depois que você se foi
O furacão e os raios e fortes trovões já não assustam
Mas, o silêncio, sim
Os problemas já não afligem
A falta do teu calor, sim!
Depois que você se foi...
Variação na Estrutura: A estrutura repetitiva é eficaz para o tema abordado, mas a introdução de variações em um ou dois momentos chave poderia intensificar o impacto emocional.
Imagens e Metáforas: Embora as imagens usadas antes sejam fortes, a exploração de metáforas mais complexas ou inesperadas poderia enriquecer a poesia.
Detalhes Sensórios: A poesia já faz uso da visão e da emoção, mas poderia se beneficiar da inclusão de mais detalhes sensórios relacionados aos outros sentidos (tato, olfato, audição). Isso poderia ajudar a criar uma experiência mais imersiva para o poeta no ato de fazer a poesia e para o leitor.
Exploração do Silêncio: O final da poesia destaca o silêncio como um elemento temido, contrastando-o com os raios e trovões. Poderia haver uma exploração ainda mais profunda desse silêncio, talvez personificando-o ou descrevendo como ele se manifesta na vida cotidiana do eu lírico após a perda.
Precisão na Escolha das Palavras: Em alguns momentos, a escolha das palavras poderia ser revisada para aumentar a precisão e o impacto.
Melhor pontuação: fiquei em dúvidas, mas resolvi pontuar (inserir pontos, vírgulas etc.) toda a poesia.
Feitos estes ajustes, a versão de 30/03/2024
Depois que você se foi
Se foi o mar, restou a areia,
Se foi a água, sobrou o chão,
Se foram os pássaros, ficaram as sombras,
No céu, apenas a vastidão.
Se foi o sol, brilham agora os pirilampos,
Se foi a razão, pulsa mais forte o coração.
Parte do meu mundo se esvaiu contigo,
E a solidão se tornou minha única estação.
As montanhas permanecem, imóveis,
Enquanto os pássaros já não retornam ao lar.
Faltam as notas em muitas canções,
Em CDs que já não sabem tocar.
Faltam capítulos nas histórias que não terminei,
Nos livros que deixei de sonhar.
Heróis sem feitos, sonhos esquecidos,
Em silêncio, as emoções deixaram de falar.
Sorrisos que se perdem na memória,
Não mais capazes de iluminar.
Depois que você se foi,
Os estrondos do céu não me fazem vacilar,
Mas o silêncio... ah, esse, sim, sabe cortar.
Desafios que já não me desafiam,
E a ausência do seu calor a me assombrar.
Nesse silêncio que grita,
Ecoa a voz que me faz lembrar:
Depois que você se foi...
A vida se recusou a continuar.
(Jackson Angelo, em 16/11/2009. Revisitado em maio de 2021. Revisitado em 30/03/2024)
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