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Plural de siglas

terça-feira, 24 de março de 2009

Esse assunto sempre passou batido pra mim. Porém, de tanto utilizar siglas em trabalhos e textos tive que tirar a dúvida e descobri que estive flexionando erradamente as siglas no plural. Modernamente, em virtude do uso, as siglas no plural recebem "s" no final. Alguns discordam e defendem que não se deve fazer o plural de siglas, apenas escrevendo-as normalmente, sem "s". Quando falamos PCNs por exemplo? Como não notar esta diferença entre o que escreve e o que se fala? O sentido das siglas é tomado muito mais como um substantivo, é como se fosse uma palavra como outra qualquer, que dá nome a objetos, instituições, etc.
Pesquisando na internet, uma resposta bem coerente, na minha modesta opinião, foi do site www.apiori.com.br. O texto possui licença Creative Commons. E pessoalmente gostei por conta das fontes de informação consultadas, quer dizer, não é uma mera opinião, mas fundamentado em livros e pesquisas. Também destaco a educação no trato com a opinião contrária, sem uso de adjetivos depreciativos, qualidade fundamental para um diálogo saudável e que mereça crédito.

"Siglas no plural: a polêmica sobre o uso de apóstrofo

Mensagem por LUIZ CLÁUDIO BARRETO SILV em 07 Out 2007 11:40
Luiz Cláudio Barreto Silva*
A sigla grafada no plural tem acréscimo de “s” em sua parte final, mas não recebe apóstrofo. Esse é o entendimento predominante da doutrina especializada. Assim, de acordo com esse entendimento, a sigla CPI no plural deve ser grafada da seguinte forma: CPIs. Por isso, para essa vertente, não se deve grafar CPI’s.
É certo que perduram ainda discussões sobre a origem do uso inadequado do apóstrofo nas siglas. Sustentam alguns que é cópia do inglês; outros, refutam esse argumento, porque o “s” no mencionado idioma indica posse e não plural. Esse debate, contudo, em nada interfere no tema de que em sigla no plural não se usa apóstrofo, mas apenas a letra “s” minúscula.
Poderia se objetar, ainda, com o argumento de vertente norteada para o entendimento de que as siglas e abreviaturas não levam “s” no plural, como se extrai do posicionamento de Ézio Luiz Pereira:
“A escolha do órgão do Poder Judiciário é levada por eliminação e com broquel nos art. 86 a 111, do Código de Processo Civil (observem que não coloquei ‘art’ no plural, porque as siglas e as abreviaturas não levam o ‘s’ do plural”.
No entanto, a praxe consagrou o uso do “s” no plural das siglas e sem o apóstrofo, como lecionam Gilberto Scarton e Marisa M. Smith:
Siglas: flexão e produção de derivados. As siglas estão de tal modo incorporadas ao vocabulário do dia-a-dia que passam a sofrer flexões de número, com o acréscimo, ao final, de um s minúsculo:
CPI: Comissão Parlamentar de Inquérito
CPIs: Comissões Parlamentares de Inquérito.
Obs.: Nesse caso, não se deve usar o apóstrofo: CPI's”.
Em igual sentido, a lição de Hélio Consolaro:
"RESPOSTA: plural de CD é CDs, se escreve assim, sem apóstrofo, e não assim: CD's (isso é coisa do inglês, nada a ver com o português). Seria melhor parar de brigar com os colegas, pois o plural em siglas e abreviaturas está tão incorporado que é perda de tempo nadar contra a maré. Seu professor está certo, mas a língua pertence a seus usuários, portanto, ficar contra as mudanças é uma luta inglória".
À mesma linha filia-se Maria Tereza de Queiroz Piacentini:
"Em segundo lugar, gostaria de tratar do plural das siglas, que infelizmente às vezes é feito de maneira errônea, com um intrometido apóstrofo antes do s. Tal grafia não é nem cópia do inglês, porque nesse idioma o s indica posse, e não plural. Em português, para pluralizar as siglas, basta a anexação do s (minúsculo):
•As APAEs têm prestado valiosos serviços.
•O ex-governador Brizola visitou os CIEPs construídos na sua gestão.
•Os CTGs espalharam-se por toda Santa Catarina.
•Foi aplaudido depois do seu discurso endereçado aos PMs".
É também o entendimento de Cláudio Moreno:
"Por que levar as siglas para o plural? Olha, parece-me que os portugueses (os da Internet) não costumam fazê-lo. Não existe ninguém (não há um deus da gramática, ...) que possa dizer se eles estão certos ou errados; podemos apenas comparar duas hipóteses e optar pela que parece ser mais lógica e consistente. Eu, por exemplo, sigo a lição do meu grande mestre Celso Pedro Luft, que ensinava que as siglas, no momento em que são substantivos (mesmo criados artificialmente, são substantivos, exercendo todas as funções sintáticas reservadas a essa classe de palavras), passam a ter plural, que é assinalado, no Português, pelo acréscimo do "s": "a convenção anual das APAEs", "o valor estava expresso nas antigas ORTNs"; "as CPIs estão paralisando o governo"; "o local parecia ser o preferido pelos ETs" ; e assim por diante (como, aliás, é feito com as abreviaturas, das quais as siglas são irmãs: drs., srs., etc.)
Temos de perder essa ilusão legalista (de que existe uma "lei" do Português); lê o que escrevi na minha página sobre tele-entrega, e vais entender a necessidade de tomarmos decisões (individuais) na hora de escrever. O melhor que podemos fazer é cercar essas decisões de todo o apoio de autoridades e especialistas - mas não podemos esquecer que, na maioria dos casos, estaremos apenas embasando nossa opinião na opinião de outros. Se até em Direito é assim, apesar da Constituição, dos Códigos, das Leis, etc., por que seria diferente em linguagem, material muito mais amplo e movediço?".
No mesmo sentido, a lição de Regina Toledo Damião e [b]Antonio Henriques:
“Uma palavra a respeito das Siglas. Trata-se de conjunto de maiúsculas que representam nomes de instituições, repartições, entidades públicas ou particulares. Aparecem acompanhadas ou não de ponto. Assim, MEC ou M.E.C.; SUDAM ou S. U. D.A.M.
•A tendência moderna é o uso de siglas sem pontuação.
•Com respeito ao plural das siglas, aceita-se o uso do s (minúsculo) para efeito de pluralização: PMs, INPMs, MPs (membros do Parlamento)”.
Portanto, e sem desmerecer o entendimento da vertente que entende em sentido diverso, adota o presente trabalho o posicionamento de que nada impede que as siglas sejam grafadas no plural e recebam o “s” minúsculo em sua parte final, mas sem o apóstrofo.

* Luiz Cláudio Barreto Silva
Advogado, escritor, pós-graduado em Direito do Trabalho e Legislação Social, ex-Diretor Geral da Escola Superior de Advocacia da 12ª Subseção de Campos dos Goytacazes e Professor Universitário.
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Notas e referências bibliográficas

PEREIRA, Ézio Luiz. Da petição inicial: Técnica – prática – persuasão. 3. ed. São Paulo: Edijur, 2005, p. 40.
SCARTON, Gilberto; SMITH, Marisa M. Manual de redação. Porto Alegre: PUCRS, FALE/GWEB/PROGRAD, [2002]. Disponível em: . Acesso em: 04 out. 2007.
CONSOLARO, Hélio. POR TRÁS DAS LETRAS. Disponível em: . Acesso em: 04 out.2007).
Piacentini, Maria Tereza de Queiroz. Não tropece na língua. Disponível em: http://www.vestibulandoweb.com.br/portu ... tigo25.htm . Acesso em: 4 out. 2007
MORENO, Cláudio. Sua Língua. Disponível em: http://www.sualingua.com.br/03/03_plural_siglas.htm . Acesso em: 04 out. 2007.
DAMIÃO, Regina Toledo; HENRIQUES, Antonio. Curso de português jurídico. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2000, p. 268. "

Minha ignorância: significado de marola

Nunca tinha ouvido a palavra marola, acho. Se ouvi não foi absorvido pelos meus neurônios. Até Lula sabia. E olha que moro em uma cidade portuária, Cabedelo, termo que significa "pequeno cabo". O nome foi dado devido ao formato geográfico da cidade.
Uma marola "é uma ondulação na superfície do mar; uma onda pequena. Também é aquilo produzido pelas lanchas, nesse caso no aumentativo, que teimam em passar bem próximo ao barco ancorado exatamente na hora que foi servido aquele espaguete a bolonhesa." (Fonte: http://www.veleiro.net/maracatu/GlossarioMostra.htm; aliás, uma ótima página para significado de termos náuticos).

Já o wikcionary diz assim:
  1. ondulação da superfície marítima.
  2. (Regionalismo - Brasil) pequena onda do mar.
  3. (Figurado) tumulto, alvoroço.
  4. (Gíria) cheiro exalado por um cigarro de maconha.
 

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