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O silêncio como a presença imensa do que é ausente, do peso do não-dito, da força do inaudível

sábado, 6 de abril de 2024

 

O SILÊNCIO

O silêncio traduz um idioma que não aprendi,
Não soletro, não capto, não ouço,
Não consigo fazer sinais.
Não decodifico, só sinto que ele me leva
E grita tão alto que não precisa de som.

O silêncio que incinera pinturas que nunca tiveram tinta,
Que destrói com fogo o que nunca saiu da profundeza das águas.
Uma assinatura que abandona a escrita,
Longo ego de uma eternidade assassina.

Silêncio das ruínas dos castelos que nunca foram erguidos,
Silêncio dos jardins que nunca tiveram sementes.
Cachoeira das águas que as nuvens não conseguem transportar,
Uma melodia que nunca será composta.

O SILÊNCIO, ELE SE ESTENDE

Ele se estende, um véu invisível sobre os gritos do mundo,
Acalma tempestades sem tocar nas águas,
Emudece as vozes sem apagar as palavras,
Um mestre que ensina sem falar, guiando pelo vazio.

O silêncio, uma tela negra onde os sonhos se pintam à mão,
Desenhos invisíveis que só o coração pode ver.
É a pausa entre batidas, o espaço entre estrelas,
Um abismo que nos convida a saltar, sem promessa de pouso.

NA SUA AUSÊNCIA

Na sua ausência, apenas sua presença persiste,
Um diálogo mudo com as sombras da própria luz,
Um encontro solitário na multidão de pensamentos,
Um universo fugidio como um cometa, onde o tempo assume sua inexistência.

O silêncio, um professor severo, um amante gentil,
Desfaz nós, tece compreensões sem uma única palavra.
É a ressonância do tudo no nada, a presença na ausência,
Um paradoxo que vive, que respira, em cada um de nós.

Minha poesia é inspirada no silêncio, profundamente evocativa, Eu me atirei nos paradoxos e na intensidade inexprimível que ele carrega. Ela fala da presença imensa do que é ausente, do peso do não-dito, da força do inaudível.

Algumas ideias de imagens que possam dar ideia de silêncio Uma única folha caindo em uma floresta silenciosa: O momento em que uma folha se desprende de um galho e flutua serenamente até o chão, em uma floresta imersa em um silêncio profundo. Esta imagem captura o início, uma metáfora da delicadeza do silêncio e da beleza encontrada na simplicidade. Um relógio antigo parado, com suas ponteiros sobrepostos em meia-noite: Simboliza o tempo que se estende e se congela, um eco que dura uma eternidade, representando a eternidade assassina mencionada na poesia, onde cada segundo é um abismo de silêncio. Um castelo de areia sendo lentamente apagado pela maré crescente: Esta imagem evoca as ruínas dos castelos que nunca foram erguidos, simbolizando tudo o que é planejado mas nunca se realiza, as esperanças e sonhos consumidos pelo silêncio implacável do tempo. Uma tela em branco sobre um cavalete, sob a luz tênue da lua: Representa a pintura que nunca foi pintada, a expressão artística que permanece aprisionada no silêncio da inação. A luz da lua sugere a beleza potencial que permanece oculta na escuridão do silêncio. Um jardim de pedra japonês (kare-sansui), meticulosamente arranjado mas sem uma única planta viva: Simboliza o silêncio dos jardins que nunca tiveram sementes, a quietude e a contemplação, a beleza e a serenidade encontradas na ausência, no não-dito. Uma cachoeira seca, com rochas expostas onde a água deveria fluir: Evoca a cachoeira das águas que as nuvens não conseguem transportar, uma imagem do que é intensamente desejado mas irremediavelmente inalcançável, a sede de expressão que o silêncio não sacia. Uma partitura musical vazia, sem notas, sobre um piano antigo: Representa a melodia que nunca será composta, a música que existe no potencial, no imaginário, mas é silenciada antes de poder ser ouvida, o silêncio como limite da expressão. Uma cadeira vazia diante de uma janela aberta, através da qual se vê um céu estrelado: Simboliza a reflexão, o convite à introspecção que o silêncio oferece, a conexão com o infinito e o eterno, o diálogo silencioso com o universo.

Jackson Angelo, em 05/04/2024

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