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Sou EU, a tua droga!

sábado, 9 de maio de 2009

(O sono não me deixou concluir)


Antes de ir direto ao texto, gostaria de falar porque eu o fiz. Eu objetivei me referir a um tipo de pessoa muito comum: àquele que constrói uma relação de dominação em relação a outro, de modo que o torne profundamente dependente.
Esse tipo de pessoa vou chamar de pessoa-droga. Eu resolvi chamar de construção, porque não é uma relação que a pessoa-droga crie à toa, ela o faz de modo muito bem pensado. Seu alvo é estudado nas suas maiores fraquezas. O que a pessoa-droga faz é viciá-la em suas qualidades, no quanto ela vai adquirir de significação para o ser dominado, com geração de altos níveis de satisfação e altos níveis de expectativas. No entanto, sua ausência pode gerar altos níveis de falta, porque o que ele realmente deseja é tornar-se tudo pra ela, de modo que seu eu seja anulado. O ser e existir do dominado passa a ser em função do dominador. Ele é tudo. A pessoa-droga tem prazer em ser o deus de outra vida: pois ele passa a ser aquele que pode na solidão trazer uma companhia sincera, revigorante e pode compartilhar segredos, romances, fracassos nunca antes contados.
Um dos alicerces da pessoa-droga, que certamente ancora seu modo de agir e ser na sedução e no poder que ele conquistou de libertar e preencher o ser dominado, é escravizar esse ser dominado, e, por fim, matá-lo sem que ele perceba, sem precisar de atestado de óbito. É um modo de assassinato, ele mata o poder ser e o poder querer de outro. De tal forma que as mentiras mais evidentes se tornam verdades, caso o dominador o queira. De tal forma que quando ele erra, segundo ele, foi por influência do ser dominado. A pessoa-droga passa do discurso libertador para o discurso da culpa: você é culpado por isto e aquilo, até pelos erros mais grosseiros dele.
Com tamanha capacidade de escravizar, torna-se fácil exigir até a alma do seu "possuído" em troca de toda saciação de carinho, companheirismo, sinceridade, liberdade, amizade e atenção tão especial do ser dominador. A exploração é onímoda: financeira, espiritual, existencial, entre outras.
Enfim, acho que já posso passar para o texto!


Eu sou a tua droga! Sei que não me queria tanto assim. Pouco a pouco me dei até gratuitamente, queria ser o centro de toda tua alegria, pois estar sem mim seria mais tarde a fonte de toda tua tristeza.
Queria ser teu esconderijo e fortaleza. Dialogar sobre tudo, sem medo, sem críticas. Ser de tua inteira confiança. Queria ser, sim, tua liberdade, para depois te prender irreversivelmente.
Não tenha medo! Sou eu, sou mesmo quem chegou!

Não me ligue tanto assim, também tenho minha vida!
Você faz muito pouco por mim! Depois diz que me ama!

Eu fiz de minha presença em tua vida a tua própria vida! Mas, então, já posso te mostrar a foice macabra da morte! Já anotei, registrei e conheço todas as tuas fraquezas, fragilidades e carências! Sou eu quem decide onde, como, quando.
Sou o vento, você a poeira monótona espalhada morta pelo chão.
Sou o teu fogo, você a cinza que viaja sem destino pelo ar.
Peguei teu solo árido e pus minhas sementes. Elas vingaram e suas raízes te penetraram até o recôndito da alma. Construído o jardim, me fiz ser teu paraíso! As nuvens, de repente, ficaram escassas, faltou água. Por isso, as flores secam rapidamente. Ficar sem mim é te expulsar sempre. Aceite o inferno, você já conhece um pouco dele.
Eu sou a tua droga, que te deu tudo o que quis. Eu tirei todo teu querer e te mostrei um novo caminho. Não me canso de nada te dar e você nunca vai chegar a lugar nenhum. A não ser no mesmo despenhadeiro onde tantos saltam... pra nunca mais voltar!
Porque a morte se torna doce, convidativa, cuja certeza de salvação, de negação de todo mal, questionamento e conhecimento supera toda expectativa de inferno.

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