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A Rosa Negra

terça-feira, 15 de abril de 2008


Uma rosa negra

A rosa foi vermelha, foi branca, foi amarela
E, nesses dias, ficou negra
Foi tão rapidamente
Tão inesperadamente
Nunca tinha visto uma rosa tão negra
Pior do que se ela tivesse murchado
Envelhecido naturalmente, pois continuaria uma rosa
Essa já não dá perfume
Já não tem cheiro nenhum
Ela que enfeitou meu jardim
Deu nome ao meu jardim
Era a única do jardim
Mas tão suficiente
E, hoje, ficou negra
Perdeu o brilho, toda cor, toda alegria
Momento estranho, momento impensável
Pergunto a mim mesmo e sei que não tenho como responder
O que aconteceu?
Fico pensando no meu cultivo
Nos meus cuidados, no meu zelo
Em que, quando, como e onde e por que errei
Muitas vezes meus cuidados falharam mesmo
Cometi excessos onde deveria ter comedimento
Fui comedido quando poderia ter me excedido
Não dei conta de pequenas coisas
Perdi tempo com coisas impossíveis
Fui e sou perfeito na prática diária da imperfeição
Muitas vezes, pareci até doentio
Muitas vezes robotizado por manuais de conduta
Nisto tudo, me vi um ser humano
Agindo e pensando como um ser humano
Ainda tentando se desfazer de seu próprio egoismo
Tantas vezes cego
Não posso me culpar, pois sei que fiz tudo pra acertar
Posso até ler textos lindos
Mas, até eles se incorporarem ao meu sangue
Leva tempo... tempo que é tão pouco
Uma rosa negra
Pior do que se fosse esculpida em pedra, metal
Pior do que pintada em uma tela

Ainda há flores dentro de mim
Agora é lutar para tornar esse jardim alegre de novo
Se parecia impossível a rosa ficar negra
Não é impossível que volte a ser uma rosa

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