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Maturidade

domingo, 12 de março de 2006

Apesar de ser adulto, me considero ainda em processo de amadurecimento, do modo que pude compreender o que é maturidade. Sempre batalhei contra o estereótipo da maturidade, pois nunca me enquadrei no que as pessoas exigiam quanto o assunto era este, nem nunca me importei se havia esta expectativa.
Foi por conta destas cobranças que me comparei, repensei meu modo de viver, de ser, de me relacionar com as pessoas e comigo mesmo. Achei que quando alguém lhe cobra isto demais e de modo destrutivo, este mesmo alguém é fariseu, prega uma coisa que ele mesmo não possui. Maturidade implica em respeito, principalmente à individualidade, daí que há um despreparo para as pessoas separarem maturidade de aspectos mais individuais.
Achei que muitos fazem o que a maioria faz por impensada imitação, porque daquela forma ela será aceita e se encaixará naquele grupo, o que lhe pode garantir estabilidade, confiança, auto-estima e respeito. Assim, bebem entre os que bebem, se embebedam e procuram curar suas loucuras e normalidades na bebedice, brincam, se fantasiam no carnaval para, assim, estarem dentro dos padrões estabelecidos. Apesar de amadurecerem, são incapazes de ter relacionamentos sóbrios, continuam na infidelidade, continuam falando muitas asneiras, não podem ser extravagantes. Não podem gostar de carrinho, de ciranda, de pular corda, de pirulito. O homem não pode beijar carinhosamente o rosto de outro homem, a mulher pode, do contrário, o homem tem algo de errado! Tem que aparentar decisão.
Continuam valorizando as coisas estritamente materiais, se comportam de modo a ocupar o espaço social que lhes está destinado. Os assuntos não podem ser diferentes dos da maioria. Não me preocupo mais com isto, uma vez que, hoje, me vejo cumpridor das minhas obrigações de direito para com as pessoas, para com o meu nome, com a Pátria, com o próximo. Tenho meu caminho e não vejo porquê seguir o caminho de outra pessoa, pisar onde a mesma já pisou. Mas, no processo de maturidade, sobretudo num país pobre como o Brasil, o que dói de verdade é saber como as pessoas mudam, se relacionam e mantêm elos de acordo com similaridade de status social, de interesse.
Quando você olha pra trás e diz: quando tínhamos 6, 7 anos brincávamos tanto no quintal lá de casa, hoje, ele (a) está com um padrão de vida tão alto e nem sabe se algum dia eu existi. A verdade é que ela sabe, mas você não faz mais parte dos interesses dela. Não é mais necessário. Para você a amizade foi real, a entrega mas para ela, certamente que não nem nunca será. Quando você olha para pessoas que de algum modo lhe conheceram, sabem do seu potencial e das suas debilidades e de vontade própria se esquecem de você. Sim, você nunca fez parte do mundo delas, você as divertiu, foi útil em algum momento e agora não é mais necessário.
Você lhe deu textos belíssimos, vocês conversaram coisas tão profundas, e ela até disse que você é especial. E, hoje, o que há de especial? Você não pode fazer nada do que ela quer ou precisa, então você passou, não existe mais razão de ser. Você passou como vento, talvez até indesejável. Alguém lhe pediu para que orasse por ela, lhe pediu ajuda, disse que estava numa situação complicadíssima. Naquele momento, ela creu que Deus poderia agir por seu intermédio. Uma vez que ela alcançou o que queria, voltou atrás. Puxa! Que coincidência! Disse ela. Você ainda procurou um movimento de gratidão em seus lábios e cadê? Quando outro amigo estava sozinho, sem saber o que fazer da vida, dividido em pensamentos e decisões contrárias, você não saiu de perto até que ele tomasse a decisão certa, aí ele já não precisa mais de você, e quando você se aproxima, ele faz com as mãos um movimento de xô, como quem diz: Saia daqui, desprezível! Dias depois, lhe pede para que você lhe faça uma mensagem de amizade no diário dele. Você está ao lado de alguém e lhe diz algo da parte de Deus, algo conforme a bíblia, e ele lhe adverte que se você continuar falando lhe deixará ali sozinho. Ora, ele estava do seu lado, sua companhia vale seu silêncio? Esteja só, mas com a palavra da parte de Deus no seu coração. Esta nunca te dará as costas. A sociedade atual crítica insistente e tremendamente a intolerância que existe em algumas facções muçulmanas, como se nela mesma houvesse essa tolerância, essa beleza na alma, esse carinho e respeito para com o coração das pessoas. Esta sociedade possui todos os méritos para julgar os absurdos e, ao mesmo tempo, possui todos os méritos para ser incapaz de julgar estes mesmos absurdos. A verdade parece sempre estar do lado de quem tem poder e força pra vencer, isto é, se impor sobre os demais. Sem apologias à violência. Sou contra todas, mas precisamos amadurecer, reaprender nosso modo de amadurecer.

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