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"...como na Ilha da Fantasia..."

domingo, 12 de março de 2006


"como na Ilha da Fantasia, lembra...?)... tenha uma ótima semana cheia... de realizações!"
Fantasias e realizações, par perfeito, parece que não foram feitos um para o outro, tão difícil de conciliar. De repente estou fisicamente no meu quarto, mas dentro de mim está uma águia predadora atrás de suas presas, a fim de devorá-las sem piedade, primeiro, com minhas garras querendo enfiar cada unha afiada no pescoço da indefesa e ligeira vítima. Prefiro as presas rápidas, difíceis de capturar. Mas, tudo é tão fácil para esta águia traiçoeira, impiedosa e infalível. Seu olhar não possui nenhum sentimento. Sou, enfim, a representação da morte. Fria, indomável, da qual não se pode recorrer, correr, inquirir, vencer. E enfio meu bico, despedaçando a presa sem nenhuma pressa, basta uma bicada e está feito: seu sangue verte debilmente, molemente. E rejeito o prato, acho-o vil e seboso, deixo-o para os urubus, que percebendo meu afastamento, vêm se alimentar daquele suculento prato, são os emissários da morte. Por fim, o tempo, dono de tudo, envia sua Águia para mais uma missão. Seu olhar de completo desprezo mata as mais singelas flores, montanhas viram pó, cidades do mais estupendo vigor e riqueza viram sepulcros abismais e desérticos. A luz torna-se negridão. Suas asas levantam vôo solene e o vento que delas emana provoca tempestades e tufões. Não há nela felicidade, não há nela maldade. Seu existir é cumprir o inexistir. Sou esta Águia, sou esta fantasia. Eis que ouço uma voz me chamando rapidamente à realidade: uma voz distante, partindo de todas as direções! Imperiosa! Preciso partir, mas dominado pelo meu eu, ainda tenho uma fantasia, eliminar esta Águia. Assim vôo para uma enorme e bravio mar, duelamos eu e eu mesmo (eu fantasia, eu realidade/eu predador, eu presa), caímos brigando selvagemente no fundo daquele mar. A águia letífera contempla seu próprio rosto e mesmo assim continua inabalável, mas em seus olhos está meu ódio refletido. Ela rasga seus próprios olhos, pois é só lá que me vê. Cega, penso em tudo que já foi destruído no meu coração, assim sinto que ela se fortalece, penso, então, que sou feliz, ela se enfraquece, fico ainda mais feliz, ela se contorce, diminui, e morremos afogados. Porém, a morte já não existe. Assim, acordo, vivo e feliz. Não mais ilhado na esperança cega, mas certo de que posso vencer o que me ameaça e constrange!
Homenagem ao artista Audaci Júnior
http://euodeioissoaqui.zip.net/

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